Abaixo-Assinado (#32540):
Rio Negro - o grande berçário dos tucunarés (matar ou proteger - eis a questão !)
Esta não é apenas uma correspondência a ser vista como um "apelo burocrático" à algum órgão ou autoridade competente, e sim a todos aqueles - indistintamente - que possam interferir e/ou influenciar com a pesca dos tucunarés do Rio Negro e circunvizinhanças, principalmente o sempre desejado tucunaré açú. Não é "açú" apenas pela sua grandeza, beleza, tamanho ou valentia, mas principalmente pelo muito que agregam aos locais onde vive, principalmente nas oxigenadas águas do rio Negro e afluentes, em regiões que vão desde Barcelos até Santa Isabel do Rio Negro e São Gabriel da Cachoeira. Peixe voraz e desejado pela grande maioria de pescadores esportistas, traduz o anseio de se tornar um troféu a qualquer um que se pré-disponha a se aventurar em sua moradia amazônica. Indivíduos que conseguem superar os dois dígitos em balanças aferidas, são o retrato vivo de um "sobrevivente" de anos de luta dentro do seu bio sistema, onde apenas os mais saudáveis e fortes sobrevivem ! Não devemos nos esquecer das demais espécies, que mesmo sem terem esse crescimento avantajado, também representam bons desafios aos esportistas ! Mas isso, certamente já deve ser de seu pleno conhecimento e perdoe-me por iniciar essas "demandas" de forma tão aparentemente despropositada. Muitos de nós pescadores esportivos, abaixo subscritos, frequentamos essas regiões há tanto tempo que tivemos a oportunidade de acompanhar todo um processo de degradação à ecologia, sem falar no desrespeito evidente ao propósito de permitir a recuperação das espécies que vem sendo cada vez mais retiradas do seu meio ambiente. A cada ano torna-se "flagrante" o crescimento da exploração profissional dos peixes dessa região ! Dificilmente um pescador esportivo deixará de devolver um espécime desses à natureza para que continue sua "missão reprodutora", o que permitirá a recomposição dos cardumes da espécie.
Além disso, ou melhor, por conta disso há um verdadeiro "novelo" de ganhos colaterais que impulsionam toda uma economia regional dedicada a essa "causa". Além das associações diversas que vão desde proprietários e empresas de pesca esportiva até de guias ou piloteiros (elas existem sim !), surge algo essencial para a região, que é "trabalho" ! Não apenas para alguns, mas para uma sequência de beneficiados indiretos que terminam com uma fonte financeira complementar (quando não única) das atividades extrativistas que são a base de sustentação familiar dessa imensa região. A visão da influência financeira que algo assim possa gerar nessas cidades já mencionadas (Barcelos, Santa Isabel do Rio Negro, São Gabriel da Cachoeira, entre outras...) é tamanha que todo um "ciclo econômico" se desenvolve por ocasião das temporadas anuais de pesca. As cidades se enchem, há dinheiro circulando, mercadorias sendo vendidas, impostos sendo recolhidos, empregos sendo disputados, só para destacar alguns desses pontos favoráveis ! Qual seria o aspecto negativo para algo que praticamente caminha progressivamente a cada ano ? Essa é simples : PEIXE !
Pretende-se passar uma "nova lei" oficializando (de forma legal) a pesca profissional por toda a bacia do rio Negro ! Aparentemente pode dar a impressão de que se tornará uma fonte de geração de ganhos para as partes envolvidas, inclusive pela geração de "novos impostos", o que é verdade ! Mas o que dizer da outra atividade que é muito mais lucrativa e sustentável ? Deixemos para ser consertada "no futuro" ? Que futuro ? Pode não haver um futuro desses ao se ter que recuperar toda uma bacia pesqueira, privilegiada pela oxigenação das águas, ph, temperatura, incidência solar e uma enorme lista de fatores hoje existentes e que - seguramente - irão desaparecer em muito pouco tempo (como já aconteceu no Pantanal). A pesca esportiva é seguramente um dos segmentos que mais cresceu (e crescerá) neste país nas próximas décadas, movimentando milhões de pessoas e de dinheiro. Temos uma excepcional "galinha dos ovos de ouro" nessa região do País, onde os tucunarés (açús e seus co-irmãos) fazem parte dessa cadeia de riqueza. Matá-los, ou permitir que assim se faça, é algo tão contraditório quanto incrementar o "analfabetismo" para economizar na "educação". Nosso País não precisa disso, e nem deveria pretender desperdiçar um segmento tão disputado quanto esse em outros países... Precisamos de exemplos, e a associação do "pescar e soltar" me parece ser algo tão importante de ser aprendido, do que ficar enfrentando filas em busca de um trabalho mal remunerado. Não há dúvidas de que dentro dos atuais valores culturais, o "ganho" parece estar sempre conectado ao presente e não ao futuro, época em que nossos descendentes vão questionar o por que de tanto egoísmo dessa nossa geração ?
Finalmente, estendemos-lhe a nossa convicção de que MUITO MAIS IMPORTANTE do que apenas "proibir" a pesca comercial nessa região berçário, destinando-a ao turismo ecológico que por si só garantirá a perpetuação da espécie, será também estabelecer uma PROIBIÇÃO DE COMERCIALIZAÇÃO de pescado fora do município onde for capturado de forma artesanal ! Há muito o que transformar em riquezas e dividendos para os moradores e habitantes dessas áreas, mas de uma forma mais adequada aos dias atuais e futuros ! Desperdiçaremos a enorme oportunidade de fazer algo diferenciado e atual numa área tão remota e importante para a espécie que tanto fascina os pescadores esportivos. Não justifica sequer entrar na amplitude dos montantes econômicos e de desenvolvimento regional que uma ação dessa natureza venha produzir ! Todas os aspectos da cultura existente são frutos da ausência de alternativas ! Cabe-nos propiciar essas opções de crescimento com visão de preservação (vida) e não a de consumismo (morte) dos cardumes existentes.
Agenor Pedreira de Freitas
(Kid) - aprendiz de pescador
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