Abaixo-Assinado (#7255):

"A verdade vos Libertará" (Jo 8,32)

Destinatário: ...

Nós - padres, religiosas e religiosos de vida consagrada - abaixo assinados, vimos a público esclarecer o seguinte:

Está ocorrendo uma manipulação, com fins eleitoreiros, da religião. Essa manipulação baseia-se em denúncia falsa de que a candidata Dilma seria favorável ao aborto, e a outras medidas tidas como “contrárias à moral”. A própria Dilma negou estas afirmações em reunião com lideranças das Igrejas em um positivo diálogo sobre o assunto.

Disse Dilma, em Belo Horizonte, dia 29/10/2010, a um grupo de padres e freis, que apoiavam sua candidatura: “Sou cristã e defendo a vida desde minha adolescência. Sou contra o aborto. Ainda agora que sou avó, mais defendo a vida. Nossa ação tem sido para promover a vida. É claro que se uma mulher chega a um hospital correndo risco de morte por tentativa de aborto, ela deve ser acolhida e não entregue à polícia.”

No final do 1º turno da campanha eleitoral, alguns padres e bispos do regional Sul I da CNBB condenaram injustamente a candidata do atual governo e instaram católicos a não votarem nela. Não bastasse isso, induziram católicos a pensarem que uma nota de uma comissão de um Regional seria a posição da CNBB Nacional. A manipulação religiosa foi além quando algumas lideranças católicas da TV Canção Nova comandaram a pregação do voto anti-Dilma na internet e em homilias de missas, em cultos e ações das igrejas em várias regiões pelo Brasil a fora.

Queremos recordar que no dia 16 de setembro de 2010, a direção da CNBB divulgou “NOTA DA CNBB NA PROXIMIDADE DAS ELEIÇÕES” reafirmando: “Falam em nome da CNBB somente a Assembleia Geral, o Conselho Permanente e a Presidência”. O único pronunciamento oficial da CNBB sobre as eleições/2010 é a Declaração sobre o Momento Político Nacional, aprovada pela 48ª Assembleia Geral da CNBB, que não tem nenhuma restrição a Dilma Rousseff.

Sendo assim vimos a público denunciar essa manipulação da religião, esse abuso de poder, que fere a realidade e a história de nossa Igreja. Viver a fé cristã na conversão é acolher e habitar na verdade, não é possuí-la como sua e manipulá-la. Como hóspedes da verdade temos que estar dispostos ao diálogo. Para o cristão, na relação com a verdade, o desafio é aquele de se abrir ao diálogo, aonde as diferenças ao invés de serem causa de demonização ou de mentira são motivo de comunhão e responsabilidade.